quinta-feira, 26 de junho de 2008

A Reforma Agrária

A REFORMA AGRÁRIA


O Brasil tem perto de 450 milhões de hectares de terras aproveitáveis, dos quais, pelo último censo agrícola , cerca de 40%, ou seja 185 milhões de hectares não são explorados . Quanto maior a propriedade, menor o aproveitamento , isto porque de acordo com o censo 90% das terras destas grandes propriedades são ociosas . O nosso país se vangloria de bater recordes de produção de grãos todo o ano ,no entanto a China produz cinco vezes mais que o Brasil , e ainda importamos grãos de outros países como por exemplo a soja da Argentina .
A falta de uma política séria de reforma agrária é uma das razões para o fato de sermos , uma das nações com a maior concentração de terra do mundo . Contudo este tema vem conquistando apoio social suficiente para respaldar uma grande aceleração na desapropriação e assentamento de milhões de famílias .
A questão agrária brasileira se arrasta por quase 500 anos , isto torna-se perceptível desde o período de colonização ,mais precisamente com as capitanias hereditárias ,passando pela economia secular do império baseada na monocultura . Um fato de enorme representatividade na história brasileira foi a Guerra de Canudos , onde ficaram nítidos os interesses contrários de grandes coronéis latifundiários em conjunto com a poderosíssima igreja católica , e os excluídos do sistema (os pobres sertanejos trabalhadores ) que almejavam uma mudança em suas vidas . Mas, a utopia do povo de canudos foi destruída , dizimaram quase toda a população contudo o sangue deste não foi em vão , pois este marco histórico da luta popular no brasil semeia em nossos corações o sentimento de revolta e indignação , e faz com que movimentos de luta pela terra como é o caso do MST e do MLT sejam importantíssimos .
A passagem de monarquia para república no brasil não trouxe modificações , já que o governo continuava nas mãos dos latifundiários , alternando-se no controle do poder cafeicultores e pecuaristas . Com a república nova , nada torna-se de fato novo , as bases estruturais da economia, política e sociedade são quase as mesmas . No período ditatorial , de 30 a 45 e posteriormente de 65 até 85 , não existiu uma política séria de enfrentamento às desigualdades sociais e territoriais ,e mais do que nunca toda a sociedade civil encontrava-se com medo de protestar , em função da ditadura e da falta de liberdade de expressão . No contexto atual presenciamos a crescente mecanização dos campos ,onde os trabalhadores estão sendo empurrados para fora de seus “feudos” , juntando-se à massa dos trabalhadores sem-terra , com o substancial aumento do desemprego nas grandes cidades ,e infelizmente este exército de excluídos tende a multiplicar-se .
O governo de Fernando Henrique Cardoso , e a sua política neo-liberal , insana e excludente , contribui de maneira devastadora para a perpetuação das desigualdades e da estratificação social , o que gera no mínimo a sensação de termos sido traídos, já que FHC é um dos sociólogos mais respeitados do globo , e desta maneira deveria governar preocupado com os interesses da sociedade , e transformando a dinâmica política e econômica do “Brasil Rural” . É de fundamental importância que a população em geral tenha consciência de que os movimentos de luta pela terra não são terroristas, como algumas emissoras de TV procuram mostrar , isto porque estas temem que seus interesses sejam lesados , já que parcelas da mídia estão ligadas ao governo e compactuam com o seu discurso.
A reforma agrária é uma necessidade urgente em nosso país , um novo milênio se aproxima e no entanto a mentalidade dos políticos brasileiros parece ter ficado enterrada no período da colonização , existe a eminente onda de conflitos no campo , já que a população encontra-se saturada de promessas , e de maneira organizada busca dois dos direitos universais do homem ,que são o direito à vida e ao trabalho . Salve aquele com a pele partida pelo sol , as mãos calejadas no preparo do solo , o corpo cambaleante , aquele cuja moradia é um pedaço de lona preta , e cuja alma sangra desde o nascimento, o trabalhador sem-terra.


Iuri Graça Jones – História
Membro do Grupo História para Todos

A utilização da informática como recurso pedagógico

A educação passa pelas mesmas mudanças da sociedade. São diversas as reestruturações, novas propostas pedagógicas, tudo para fazer com que a educação acompanhe o ritmo da evolução e atenda melhor os alunos.

E os alunos já chegam às escolas submersos pelas informações, pela tecnologia proveniente das mídias, da internet e dos games. Essas fontes são estimulantes, atrativas e educativas? Educativas? De que modo?

É possível dizer que a tecnologia auxilia na educação, porém não podemos esquecer o papel do educador nesse processo. A televisão, a internet, o computador em si, trazem muitas coisas boas, mas também, por outro lado, informações inaproveitáveis e de difícil interpretação.

O papel do educador surge neste aspecto como facilitador, mediador entre as informações e os alunos, sendo um auxílio para que eles cheguem até o conhecimento científico, ultrapassando o senso comum. Como afirma Veiga:

É preciso evoluir para se progredir, e a aplicação da informática desenvolve os assuntos com metodologia alternativa, o que muitas vezes auxilia o processo de aprendizagem. O papel então dos professores não é apenas o de transmitir informações, é o de facilitador, mediador da construção do conhecimento. Então, o computador passa a ser o ‘aliado’ do professor na aprendizagem, propiciando transformações no ambiente de aprender e questionando as formas de ensinar ( 2001, p.2).


Diante desse quadro, é possível defendermos a utilização da nformática como recurso pedagógico, tanto da internet, para a realização de pesquisas direcionadas pelo educador e para a comunicação por meio de e-mails, quanto no uso de softwares educacionais de diversos gêneros.

Para José Armando Valente (2002), pesquisador e escritor sobre novas tecnologias na educação, os computadores estão propiciando uma verdadeira revolução no processo ensinoaprendizagem, devido à variedade de softwares para auxílio deste processo, assim como a sua utilização tem provocado vários questionamentos a respeito dos métodos de ensino utilizados. Estes questionamentos são evidentes e talvez já esperados. Afinal, que professor não substituiria um método de aula expositiva, dominando a transmissão de conhecimentos e ensinando o que lhe parece importante, por uma aula atrativa, utilizando o computador, com a oportunidade de interagir com a máquina por meio de sites, softwares e jogos educacionais, ou de viajar pelo mundo pela internet, adquirindo conhecimento sem sair da sala de aula?

A informática é um importante instrumento, que pode ser muito bem aproveitado quando o educador mostrar-se capacitado para a sua utilização como um apoio pedagógico, trazendo a ferramenta tecnológica para proporcionar uma aprendizagem mais interativa, com significado e com os alunos construindo o conhecimento.

De acordo com Valente, o educador deve conhecer o que cada ferramenta tecnológica tem a oferecer e como pode ser explorada em diferentes situações educacionais. A experiência educacional é fundamental e permitirá que sejam selecionadas as ferramentas tecnológicas e as formas de trabalho com o objetivo de uma atuação pedagógica de qualidade.

Quando o educador estiver familiarizado com as questões técnicas da tecnologia, estará capacitado a explorar a informática em atividades pedagógicas com a interação entre os conteúdos de ensino, a desenvolver projetos educacionais com a utilização da informática como apoio pedagógico e saberá desafiar os alunos para que, a partir do projeto que cada um desenvolver, seja possível atingir os objetos pedagógicos que foram determinados em seu planejamento de ensino. Segundo Moran:

O primeiro passo é procurar de todas as formas tornar viável o acesso freqüente e personalizado de professores e alunos às novas tecnologias, notadamente à Internet. É imprescindível que haja salas de aulas conectadas, salas adequadas para a pesquisa, laboratórios bem equipados. (2004, p. 44).


Ainda segundo Moran (2004, p. 44), o computador “[...] nos permite pesquisar, simular situações, testar conhecimentos específicos, descobrir novos conceitos, lugares, idéias”.

Neste aspecto, cabe ao educador direcionar o uso da informática em busca de uma aprendizagem significativa, como o uso de jogos educativos e sites educacionais, e não apenas como uma fonte de recreação.

Desta forma, podemos crer que a informática é um incrível recurso no processo ensino-aprendizagem. Por meio dela é possível realizar ações, desenvolver idéias e construir conhecimentos que, em uma aula tradicional, talvez não fossem desenvolvidos.

A informática é um meio de trabalho atraente, com diversas possibilidades de interação, de comunicação e de crescimento pessoal e educacional. Porém, é responsabilidade do educador, conhecedor e integrado com seu instrumento de trabalho, proporcionar uma interação entre a tecnologia e seus alunos de maneira eficaz, fazendo que eles construam conhecimentos planejados de forma dinâmica e satisfatória.

É inaceitável que existam educadores que se recusam a adaptar seus métodos didáticos com a utilização das novas tecnologias, já que esta se mostra tão eficiente como recurso pedagógico, como reforçam Moran (2004) e Valente (2002).

O fato de alguns educadores não aceitarem a informatização, mostra o despreparo e o medo do novo que permeia as suas didáticas ou talvez a pretensão de acreditarem que seus métodos tradicionais produzem melhores resultados, já que afirmam que o computador dispersa a aprendizagem.

Contudo, é preciso que os educadores entendam a informática na educação como um apoio pedagógico e não como um novo método de ensino; que entendam que com a utilização da informática na sua ação docente será capaz de ampliar o seu papel de propiciar a construção do conhecimento pelos seus alunos.

Podemos citar um caso positivo na utilização da informática o uso do Visual Class como apoio pedagógico: um aluno do 2º ano do ensino fundamental tinha muita dificuldade de aprendizagem em sala de aula. Mas, para surpresa da sua professora, durante as aulas de informática o seu desempenho ultrapassava os seus limites, porque durante as aulas não desenvolveria e nem participava das atividades solicitadas pela professora; e nas aulas de informática, utilizada como complemento pedagógico, realizava as atividades e era um dos primeiros a terminá-las. Em algumas situações, a professora elaborou a mesma atividade aplicada em sala de aula e na informática e o aluno desenvolveu as atividades somente na informática. Questiona-se: seriam os recursos tecnológicos (som, imagem, música etc.) um estímulo a esse aluno? Esse testemunho foi dado pela sua professora durante uma reunião pedagógica, com a minha participação, com o intuito de fazermos uma auto-avaliação com os docentes em relação à utilização da informática na educação.

Nesse projeto, o professor elabora as suas aulas de informática e conta com o apoio do núcleo de informática educacional, ressaltando, que antes da implantação do projeto, todos os professores foram capacitados. E, para Valente (2002), o docente deve trabalhar nas aulas de informática e não um técnico.

Moran (2004, p. 46) afirma que o professor:

[...] de educador, que dita conteúdo, transforma-se em orientador de aprendizagem, em gerenciador de pesquisa e comunicação, dentro e fora da sala de aula...


Espero poder compartilhar esta conversa com meus colegas de profissão, para que reflitam a respeito da utilização da informática como recurso pedagógico e que os mesmos tenham a disposição para aventurar-se em “mudanças construtivas”, visando a uma transformação, pois, como diz Paulo Freire, somos seres inacabados, portanto em busca constante de aperfeiçoamento.

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. 11. ed. São Paulo : Paz e Terra, 1992.

MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadora com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: Moran, José Manuel, MASETTO, Marcos Tarciso, BEHRENS, Marilda A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 8. ed. Campinas : Papirus, 2004. p. 11-63.

VALENTE, José Armando. O computador como ferramenta educacional. Disponível em Acesso em 19 abr. 2007.

VALENTE, José Armando. Computadores e Conhecimento: Repensando a Educação. Campinas : Nied, 1995. p. 21-76. VEIGA, Marise Schmidt. Computador e Educação? Uma ótima combinação. In: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia
em foco. Petrópolis – RJ, 2001. Disponível em : Acesso em: 19 abr. 2007.

Ronaldo Garcia Almeida é Bacharel em Ciência da Computação (UNIMAR), Especialista em Informática na Educação (UEL), aluno especial do Mestrado em Educação (UEL), Docente das Faculdades Ranchariense e Coordenador de Informática Educacional da Prefeitura de Quatá/SP.