domingo, 17 de agosto de 2008

CONHECENDO SALVADOR

A CAPITAL DA ALEGRIA E DA BAHIA

1 - INTRODUÇÃO: COMEÇO DA HISTÓRIA

A capital do Estado, foi edificado a partir de 29 de março de 1549;

O primeiro governador geral que fundou Salvador foi Tomé de Sousa

Salvador cresceu em dois planos: PARTE ALTA E PARTE BAIXA;

Funcionou como cidade-fortaleza, centro administrativo e entreposto comercial;

Foi a capital do Brasil até 1763.

Durante quase 215 anos gozou do privilégio de ser a primeira metrópole lusitana no novo mundo, tornando-se réplica fidelíssima de Lisboa e de Porto, as duas maiores cidades de Portugal.

2 - A HISTÓRIA CONTINUA

nEm Salvador concentrou-se uma grande população de europeus, índios, negros e mestiços – em decorrência da economia centrada no comércio com dezenas de engenhos instalados na vasta região do Recôncavo

3 - A HISTÓRIA CRESCE

nEm 1549, Tomé de Sousa chegou ao Brasil, trazendo consigo centenas de colonos, degredados e religiosos, estes chefiados pelo Padre Manuel da Nóbrega. Nomeado por um período de quatro anos, doou sesmarias aos colonos para que montassem fazendas. No dia 1º de maio de 1549 começou a construir a cidade de Salvador, que seria a primeira capital do Brasil. Os trabalhos tiveram a ajuda de nativos amigos de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, náufrago português que viveu 22 anos isolado com os tupinambás.

4 - SALVADOR EM 2006

nGOVERNADOR – PAULO GANEM SOUTO – 48º Governador da Bahia ( 2003-2006);

nVICE GOVERNADOR – ERALDO TINOCO

nPOPULAÇÃO ATUAL: 2.673.506 (Fonte: IBGE em 1º de Julho de 2005);

5 - CONHECENDO SALVADOR

nLOCALIZAÇÃO E ACESSO: Na entrada da Baía de Todos os Santos, seus acessos terrestres podem ser feitos vindos do Sul do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória do Espírito Santo), através de rodovias federais BR – 101 ou BR – 116. Para quem vem de Brasília o acesso é feito através da BR- 242. Quem vem das regiões Norte ou Nordeste do país poderá utilizar a BR- 101, que liga Salvador a Natal.

6 - ATRATIVOS NATURAIS (Alguns)

n LAGOA DO ABAETÉ (HOMEM DE PALAVRA) – EM ITAPUÃ;

nJARDIM DE ALÁ – SITUADO ENTRE A PRAIA E A AV. OCTÁVIO MANGABEIRA;

nHORTO MATA DOS OITIS – FRUTA COM A MASSA GRANULOSA, ÚMIDA E MUITO RIJA – NA AV. SÃO RAFAEL, PAU DA LIMA;

nHORTO SAGRADA FAMÍLIA – NA COLINA DO BONFIM, JUNTO AO CONVENTO DA SAGRADA FAMÍLIA;

nÁREA NATURAL EM ONDINA – PRAIA DE ONDINA AO LADO DO APART-HOTEL;

nMORRO DO CONSELHO – NO BAIRRO DO RIO VERMELHO.

7 – PARQUES (Alguns)

nPARQUE DOS COQUEIROS DE PIATÃ;

nPARQUE JOVENTINO SILVA (PARQUE DA CIDADE) NA AV. ACM – ITAIGARA;

nPARQUE METROPOLITANO DAS REPRESAS DO IPITANGA I e II – NORTE DO MUNICÍPIO, DIVISA COM LAURO DE FREITAS;

nPARQUE METROPOLITANO DE PIRAJÁ/SÃO BARTOLOMEU – NA AV. AFRÂNIO PEIXOTO, OU BACIA DO RIO COBRE;

nPARQUE SOLAR DA BOA VISTA – LADEIRA DO ZOOLÓGICO EM ONDINA;

nPARQUE DE PITUAÇÚ – EM PITUAÇÚ;

nPARQUE DE ONDINA – ZOOLÓGICO – ONDINA;

nPARQUE METROPOLITANO DO ABAETÉ – EM ITAPUÃ, NA LAGOA;

nPARQUE AQUÁTICO WET’n WILDPARALELA;

nTAMINA PARQUE – KM 15 DA BR – 324;

nPARQUE COSTA AZUL – EM FRENTE À PRAIA;

nPARQUE DO JARDIM DOS NAMORADOS – EM FRENTE Á ORLA.

8 - PATRIMÔNIO CULTURAL (Alguns)

nPELOURINHO – COLUNA DE PEDRA OU MADEIRA ONDE SE CASTIGAVAM CRIMINOSOS;

nFUNDAÇÃO CULTURAL DO ESTADO DA BAHIA;

nINSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

nINSTITUTO DO PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E CULTURAL DA BAHIA (IPAC);

nINSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN)

nGABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA;

nFUNDAÇÃO CASA DE JORGE AMADO.

9 – IGREJAS (Algumas)

nBASÍLICA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA PRAIA;

nBASÍLICA DO SENHOR DO BONFIM

nCATEDRAL BASÍLICA;

nIGREJA DE SÃO FRANCISCO;

nMOSTEIRO DE SÃO BENTO.

10 - MUSEUS (Alguns)

nMUSEU CARLOS COSTA PINTO – VITÓRIA

nMUSEU DE ARTE DA BAHIA – VITÓRIA;

nMUSEU DE ARTE SACRA UFBA – RUA DO SODRÉ;

nMUSEU ABELARDO RODRIGUES – PELOURINHO;

nMUSEU DAS PORTAS DO CARMO – PELOURINHO.

nMUSEU DE ARTE MODERNA – SOLAR DA UNHÃO

nMUSEU DA CIDADE – PELOURINHO;

11 - TEATROS (Alguns)

nCASTRO ALVES

nSALA DO COURO DO TCA

nCONCHA ACÚSTICA DO TCA

nIEMANJÁ

nSOLAR BOA VISTA

nVILA VELHA

nTEATRO XVIII – PELOURINHO

nSESC – CASA DO COMÉRCIO.

12 – FORTES (Todos)

nSÃO MARCELO – CIDADE BAIXA;

nMONTE SERRAT – EM MONTE SERRAT;

nSÃO PEDRO – CAMPO GRANDE;

nSANTA MARIA – PORTO DA BARRA;

nFORTE DO BARBALHO OU DE NOSSA SENHORA DO MONTE CARMO – BARBALHO;

nSÃO DIOGO – PORTO DA BARRA;

nRUÍNAS DO FORTE DE SÃO PAULO DA GAMBOA;

nFORTE DE SANTO ANTÔNIO ALÉM DO CARMO

13 - COISAS DA BAHIA (Algumas)

nMEDIDA DO BONFIM

nCAPOEIRA

nBAIANA DO ACARAJÉ

14 – CULINÁRIA (Algumas)

ACARAJÉ; VATAPÁ; ABARÁ; CARURU; XINXIM DE GALINHA; FEIJÃO DE LEITE; FEIJÃO DE AZEITE; MOQUECA DE PEIXE ETC.

15 - PRAIAS

nFLAMENGO; ONDINA; FAROL DA BARRA; PORTO DA BARRA; Jardim dos Namorados

nSTELLA MARIS; GAMBOA; BOA VIAGEM; RIBEIRA OU PENHA; JARDIM DE ALÁ; ARMAÇÃO

nITAPUÃ; SÃO TOMÉ DE PARIPE; RIO VERMELHO; PITUAÇÚ; PLACAFORD; JAGUARIBE

nPIATÃ; PITUBA; AMARALINA; PATAMARES; ITAMOABO; NEVES; PARAMANA; VIRAÇÃO; LORETO; BOTELHO; PONTA DE NOSSA SENHORA

11 - EVENTOS

nFESTA DA BOA VIAGEM E PROCISSÃO DE NOSSO SENHOR DOS NAVEGANTES;

nFESTA DE REIS

nFESTA DO BONFIM

nCARNAVAL

nFESTA DE ITAPUÃ

nFESTA DA RIBEIRA

nFESTA DE IEMANJÁ

nFESTA DO DOIS DE JULHO

12 - MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS

nARTESANATO

nGRUPOS DE CAPOEIRA

nGRUPOS CARNAVALESCOS;

nMÚSICOS;

nGRUPOS FOLCLÓRICOS.

"E Assim a Pomba Voltou a Arca"

domingo, 6 de julho de 2008

Diferenças econômicas e sociais mundiais

‘‘ Não adianta distribuir a miséria antes de criar a riqueza’’: esta é a conclusão a que chegou o Ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, em artigo escrito três anos atrás, quando se iniciava o debate sobre a distribuição da renda no Brasil. Em outras, ‘‘ a questão naturalmente é a de conciliar a melhoria da distribuição da renda com a preservação das possibilidades de desenvolvimento e, nesse sentido, as soluções fáceis e simpáticas do distributivismo prematuro representariam verdadeira agiotagem contra o desenvolvimento futuro’’

Quando escreveu o artigo, Simonsen ainda não era ministro. A ênfase colocada na suposta impossibilidade de uma distribuição menos desigual da renda era dada pela figura central do governo Médici, o Ministro da Fazenda da época, Delfim Netto. Com a mudança de governo, houve também mudança de enfoque na política oficial, definida nos discursos, planos e mensagens de Geisel.

A ‘‘Estratégia de Desenvolvimento Social’’ do II Plano Nacional de Desenvolvimento, por exemplo, se inicia com frases bastante diversas: ‘‘ Na opção realizada, o Governo não aceita a colocação de esperar que o crescimento econômico, por si, resolva o problema da distribuição da renda, ou seja, a teoria de esperar o ‘ bolo crescer’ . Há necessidade de, mantendo acelerado o crescimento, realizar políticas redistribuitivas ‘ enquanto o bolo cresce’. A verdade é que, de um lado, o crescimento pode não resolver o problema da adequada distribuição de renda, se deixando a simples evolução dos fatores de mercado. E, de outro lado, a solução através do crescimento, apenas, pode demorar muito mais do que a consciência social admite, em termos de necessidade de melhorar rapidamente o nível de bem-estar de amplas camadas da população

Para quem tem boa memória, o trecho é esclarecedor. Mencionar a ‘‘ teoria do bolo’’ é a mesma coisa que falar de corda em casa de enforcado. As figuras mais importantes dos governos anteriores, Roberto Campos e Delfim Netto, foram também os maiores responsáveis por sua elaboração e divulgação. O primeiro, Ministro do Planejamento de Castello Branco, apontou, a ‘‘orgia salarial’’ de antes de 1964 como a causa primeira da inflação e da interrupção do crescimento econômico nos primeiros anos da década de sessenta. Anos depois, quando aumentaram as críticas à concentração da renda no país Delfim Netto retomou a ‘‘teoria do bolo’’ para justificar a política oficial dos salários

Vivia-se, então, em plena era do ‘‘milagre econômico brasileiro’’, cantado em prosa e em verso tanto no país como no exterior. A revelação dos dados do Censo Demográfico de 1970 veio jogar um pouco de água na fervura. Amortecida pela propaganda oficial do crescimento econômico a taxas recordes, a opinião pública foi posta diante da face oculta do ‘‘milagre’’. E os dados eram, de fato, estarrecedores.

Basta dizer que praticamente metade da população trabalhadora ganhava menos de salário mínimo. Ou que quase metade da renda estava concentrada nas mãos dos dez por cento mais ricos. Ou que o 1% mais rico ‘‘comia’’ uma fatia de bolo praticamente igual à que era dividida pelos 50% mais pobres. Pior ainda a concentração estava aumentando, ao invés de diminuir. A distribuição em 1970 era muito mais desigual do que dez anos antes, medida pelo Censo de 1960.

As críticas feitas a partir dos dados dos dados dos Censos, entretanto, não comoveram os círculos oficiais, que não demoraram em lançar mão de toda sorte de argumentos para fugir delas. Estes argumentos, aliais, continuam sendo defendidos até hoje, inclusive pelo governo; só que, agora, na base do ‘‘explica mas não justifica’’. É que, na verdade, o problema é muito mais de interpretações e decisões políticas do que de raciocínios tecnicistas e medidas administrativas isoladas.

As frases citadas do plano do governo Geisel parecem colocá-lo do lado dos críticos ou, pelo menos, contra a orientação seguida nos governos anteriores. Mais ainda porque, sem ficar nas palavras, adotou algumas medidas concretas, medidas essas que, para um observador mal informado, poderiam até ser confundidas com perigosas tentativas de volta à ‘‘orgia salarial’’: o abono provisório concedido em dezembro de 1974 aos trabalhadores que ganhavam salário mínimo e aos que tiveram reajustamentos bem inferiores ao aumento real do custo de vida, no primeiro semestre do ano, assim como a mudança nos critérios de reajustamento, que representou um afrouxamento do arrocho salarial, e na sistemática do PIS de modo a permitir um abono anual para os que ganham menos de cinco salários mínimos

Segundo os ‘‘teóricos do bolo’’, de fato, de nada adianta aumentar o valor em dinheiro dos salários, pois isto provocará necessariamente aumentos nos preços de todos os produtos e serviços. O que é preciso é controlar a inflação. E , para isto, os salários têm que crescer menos que os preços, até que atinja a estabilidade perfeita. Salários e preços iriam crescendo cada vez menos, graças a esta sábia política de contenção. Só que a regra funcionou apenas em relação aos salários.

Quando, a partir dos últimos meses de 1973, os preços voltaram a aumentar com maior rapidez, já não dava para arrochar mais. Mesmo assim, o governo Médici chegou ao seu fim e o governo Geisel levou ainda alguns meses para adotar as primeiras medidas corretivas. No que poderia ser chamado propriamente de parto difícil, nove meses depois de iniciada a escalada dos preços, em julho de 1974, os reajustamentos salariais começaram a ser feitos em porcentagens mais próximas do aumento real do custo de vida. Era o primeiro passo para o afrouxamento.

Mas é muito longo o caminho que vai do ‘‘arrocho’’ à ‘‘orgia’’. A existência de níveis reconhecidamente escandalosos de miséria lado a lado com o enriquecimento crescente das camadas de renda mais alta parece ter conquistado foros de cidadania em sociedades como a nossa. Para estas sociedades são mais do que proféticas as palavras finais da parábola dos talentos, no Novo Testamento: ‘‘Porque a qualquer que tiver será dado e terá abundância; mas ao que não tiver até o que tem que ser-lhe- à tirado ’’.

02. Desenvolvimento

A divulgação dos dados do Censo Demográfico de 1970 e os estudos e análises críticas que se fizeram a partir deles, provocaram um intensa e acalorada discussão, envolvendo inclusive ministros, parlamentares e outras autoridades e personalidades. O trabalho de Carlos Geraldo Langoni, primeiro em artigo e depois em livro prefaciado pelo então ministro da fazenda Delfim Netto, representou de fato um resumo da defesa oficial da política econômica seguida pelos governos pós-1964.

Na verdade, boa parte da discussão sobre os dados dos Censos ( obviamente relativos à período 1960-1970) se realizou em função da política posta em prática depois de 1964, principalmente no política salarial. Para os defensores desta política, os resultados dos Censos soaram como um auto de acusação, na medida em que revelavam um agravamento das desigualdades na distribuição da renda no Brasil, num período marcado pela mudança no regime. Apesar desta mudança ter ocorrido quase no meio do período coberto pelos dois Censos, era inevitável que ocorresse esta identificação entre os períodos intersencitário pós-1964.

A ênfase colocada pelo primeiro governo pós-1964, principalmente através do seu ministro do planejamento Roberto Campos, no combate à ‘‘orgia salarial’’ anterior, assim como a dos governos que sucederam na necessidade de ‘‘ sacrifícios’’ em pró do desenvolvimento, deviam dispensar seu críticos da tarefa de arrombar portas abertas. Por outro lado, colocando a questão em termos mais gerais, seria evidentemente ilusório pretender uma distribuição ‘‘perfeita’’ da renda num país como o Brasil. Mesmo que não se considerem as diferenças existentes entre os vários países capitalistas mais avançados, não há como passar por cima das diferenças que existem entre estes países e os mais atrasados dentro do mundo capitalista.

Pelo que se conhece da história da humanidade, aliás, somente as comunidades chamadas primitivas praticam um distribuição mais ou menos igualitária da riqueza material produzida entre seus membros, na medida mesmo em que as classes sociais ou não existem ou são pouco diferenciadas. A partir do aparecimento e desenvolvimento das sociedades de classe, a riqueza produzida pelas ‘‘classes inferiores’’ necessariamente se concentra nas mãos da ‘‘classes superiores’’

O que está em discussão, portanto, deve ser apenas a aproximação ou afastamento maior ou menor em relação ao que poderia ser chamado de concentração ‘‘normal’’, em comparação com o que ocorre em outros países, e as razões deste afastamento ou aproximação. Os dados disponíveis apontam um grande distanciamento, em comparação com os países mais desenvolvidos do mundo capitalista, já em 1960, e grande aproximação em relação a países mais atrasados, como os da América Latina e da Ásia.

Em relação aos países capitalistas mais avançados, é preciso sublinhar que o processo de concentração de renda, necessário à aceleração da acumulação de capital, em geral é atenuado e mesmo substituído por padrão menos concentrado. O aumento de consumo surge como necessidade da realização (quer dizer, venda) da produção, e não ao contrário, como parece. A não ser que se possa vender grande parte da produção no mercado externo (como no caso do Japão), é preciso aumentar o poder de compra da grande maioria da população do próprio país.

Um caso bem diferente é naturalmente, o dos países socialistas. A distribuição de renda pessoal nestes países não pode ser comparada com a dos países capitalistas, pois nestes últimos a renda pessoal é apenas uma parte de renda privada. A outra parte, onde se dá a acumulação e o reinvestimento do capital, corre por conta das empresas, em sua maior parte de propriedade particular de meios de produção nos países socialistas, a renda pessoal é idêntica à renda privada

Por isso mesmo, a distribuição da renda nos países socialistas poderia até ser mais concentrada que nos países capitalistas mais avançados sem que isto representasse maior desigualdade de renda privada. Mas isto não ocorre, ficando eles em situação apenas comparável à dos países do tipo Austrália e Nova Zelândia, e distribuição mais igualitária. Em outras palavras , o principio socialista de distribuição da riqueza na transição do capitalismo ao comunismo ‘‘a cada um de acordo com seu trabalho’’ se apresenta de fato como etapa de passagem para princípio da sociedade comunista ‘‘a cada um de acordo com suas necessidades’’. E neste sentido o retorno ao igualitarismo das comunidades primitivas. Depois desta digressão, vejamos como se coloca o Brasil em grande escala mundial no que se refere a concentração da renda. Em 1960, 5% mais ricos no Brasil tinham uma ‘‘a fatia’’ quatro vezes maior que os 10% citados no meio da pirâmide de renda. Em 1970, esta relação já era de seis vezes e meia. Na Austrália e Nova Zelândia, da mesma forma que nos países socialistas, os 5% mais ricos não chegavam a ter mais de duas vezes o que cabia aos 10% do meio. Nos países capitalistas mais avançados e em alguns países Latinos Americanos, Como a Argentina esta relação ficava entre dois e três vezes.

Em outras palavras nos países mais ricos do mundo capitalista em outros como a Argentina aos 5% citados no ápice da pirâmide de renda recebiam, em média 4 ou 5 vezes mais do que estavam no meio da pirâmide. No Brasil, em 1960, esta diferença era nove vezes, aumentando para quatorze vezes em 1970.

Quando dando um salto para trás no tempo, verificamos que a distribuição da renda no Brasil, em 1960, era mais próxima da que existia nos EUA e na Inglaterra as vésperas da grande crise de 1929-1933, afastando-se deste tipo ‘‘normal’’ de concentração dez anos mais tarde. Estaríamos, assim em plena fase de aceleração do processo de acumulação de capital com a contenção dos salários e outros tipos de remuneração do trabalho da grande maioria da população, visando a permitir não só o aumento da renda social das camadas mais ricas como principalmente, aquela acumulação em escala elevada.

Os 60% mais pobres em 1960 se encontravam em situação parecida com a de seus semelhantes nos dois países mais ricos do mundo em 1929, deles se distanciando em 1970 ( é claro que nos referimos aqui apenas a situação relativa, sem levar em consideração o tamanho do ‘‘bolo’’ e, portanto, de suas ‘‘fatias’’ bem menores, no Brasil, que naqueles países.) Os 20% do grupo intermediário também pioraram, mas sua situação ainda se compara com o que acontecia nos EUA e Inglaterra, já que partiram de um nivel mais elevado em comparação com estes dois países.

Observe-se que a relação entre a ‘‘fatia’’ dos 5% mais ricos e a dos 60% mais pobres era quase a mesma no Brasil de 1960 e na Inglaterra e EUA de 1929. Nos três casos, a diferença era relativamente pequena: pouco mais de 20% na Inglaterra, pouco mais de 10% no Brasil e nos EUA. Já em 1970, os 5% mais ricos do Brasil tinham uma renda superior em mais de 75% à dos 60% mais pobres

O reconhecimento da relação existente entre o crescimento econômico e a concentração da renda fica ainda assim encoberto e distorcido pelas noções de automatismo ou fatalidade. Em primeiro lugar, o crescimento já vinha ocorrendo antes (desde 1930 ou desde 1945, por exemplo), com graus menores de concentração. Em segundo lugar, é preciso considerar a maior ou menor capacidade de influência dos trabalhadores na determinação de seus salários e do poder do Estado ser acionado para a ‘‘orgia’’ ou para o ‘‘arrocho’’ salariais. Ou seja, não existem agentes neutros ou inocentes, nem a remuneração do trabalho e as exigências de acumulação de capital se apresentam com a força de determinações fatalistas.

Foi mais ou menos isto, aliás, o que disse o antecessor de Delfim e Simonsen no Ministério da Fazenda. Durante a fase de implantação da ‘‘contenção salarial’’, o professor Octávio Gouveia de Bulhões foi várias vezes procurado por delegações de industriais de tecidos, calçados e outros produtos de consumo popular. Diante da retração nas vendas destes produtos de consumo popular. Diante da retração nas vendas destes produtos, os industriais solicitaram uma certa descompressão dos salários. Condenando as sugestões, o então ministro explicou que o objetivo da política econômica seguida pelo governo era exatamente o oposto: reduzir o consumo popular ( quer dizer, os salários) para aumentar o investimento. É claro que alguns ramos industriais, voltados para o mercado popular, seriam atingidos, mais isto seria mais do que compensado pelos ganhos dos demais.

A fraqueza da conversa a portas fechadas do gabinete do Ministro da Fazenda e o reconhecimento (ainda que confuso) da relação entre crescimento e concentração nas declarações publicas tem em comum o mérito de não recorrer a tecnicismos nem se perder em detalhes, para contornar a questão. A concentração da renda é aceita e, de uma forma ou de outra, associada as exigências da acumulação para o crescimento, apesar do otimismo supostamente ingênuo das previsões de um final relativamente rápido para esta histórica. Houve, contudo, vários tipos de contestação a validade ou ao rigor dos dados dos Censos e as tentativas de explicação para a concentração que eles indicam.

A transição de uma fase de estagnação ou semi- estagnação para uma de crescimento acelerado costuma exigir sacrifícios que naturalmente envolve certo aumento do concentração de rendas. Em primeiro lugar, porque os autos níveis de atividade provocam, nessa transição, um crescimento natural dos lucros do poder das empresas e, consequentemente, o aumento da renda dos empresários e administradores. Em segundo lugar, porque a necessidade de certa concentração afim de transferir recursos daqueles mais propensos a consumir para aqueles mais propensos a poupar. Em terceiro lugar a aceleração do crescimento provoca, como efeito de transição, uma diferenciação entre os mercados de mão de obra qualificada e não qualificada, intensificando a demanda e os preços no primeiro deles. Em quarto lugar, porque é necessário que o mercado estabeleça um prêmio para aqueles que mais se sobressaem em termos de capacidade técnica e empresarial.

Embora represente apenas a consagração de forma generalizada do que de fato ocorreu em alguns países, o raciocínio apresenta, entretanto alguns passes de mágica no lugar de passagens lógicas e termina com um vácuo que só pode ser preenchido por meio de previsões otimistas e da expressão de desejos baseados na experiência anterior de outros países.

Antes de mais nada, o processo de concentração ( ou, no caso, sua intensificação) não pode ser explicado apenas em termos de conseqüência do crescimento, a partir de 1967, a não ser que fossem dadas indicações sobre o que ocorreu no restante do período. Simonsen, da mesma forma que Delfim Netto, Langoni e os outros, não o faz, e os dados existentes indicam o contrário, como veremos adiante. Em resumo, o contrário, como veremos adiante. Em resumo, observe-se apenas, por enquanto, que o processo de concentração parece ocorrer tanto antes como durante e depois da aceleração do crescimento.

Quanto a ‘‘necessidade de certa concentração, a fim de transferir os recursos daqueles mais propensos a consumir para aqueles mais propensos a poupar’’, serie preciso demonstrar a importância da poupança das pessoas mais ricas para a formação de capital. Até mesmo em países mais ricos, esta parcela é extremamente reduzida em comparação com a que cabe as empresas.

A grande expansão do mercado de capitalistas no Brasil, ainda que fosse atribuída apenas às pessoas e não às empresas (o que está longe de ser verdade) não acompanha o aumento da produção de artigos de luxo como automóveis, televisões a cores e etc.., ou o enorme salto havido no que se refere aos mais ricos como ‘‘ mais propensos a poupar’’.

Finalmente, ‘‘diferenciação dos mercados de mão- de- obra qualificada e não qualificada, intensificando a demanda e os preços no primeiro.



IURI JONES

A Energia Nuclear

Energia Nuclear

Energia obtida a parir da fissão ou da fusão nucleares. Na fissão nuclear, o núcleo de um átomo pesado é dividido em duas partes de tamanhos de tamanhos comparáveis; na fusão, dois ou mais núcleos relativamente leves combinam-se para formar um núcleo mais pesado. Ambos os processos envolvem a liberação de grandes quantidades de energia. A energia das reações nucleares foi controlada para ser utilizada com propósitos pacíficos e militares ou seja arma nuclear. A fusão nuclear controlada, porém, ainda não foi atingida. Experiências que investigam a radiotividade e a estrutura atômica no final do século 19 e início do século 20 levaram a idéia de um núcleo pequeno e denso localizado no centro do átomo e à detecção do neutron como componente deste núcleo. Uma experiência realizada por Otto Hahn e Fritz Strassman em 1938 envolvia o bombardeio de átomos de urânio. Os dois discutiram os resultados de suas experiências com Meitner, que apresentou a teoria de que eles haviam partido o núcleo do urânio em duas partes. Seus cálculos mostraram que a massa total dos fragmentos de fissão era ligeiramente menor do que a massa do uranio a partir do qual se originaram. Einstein havia predito que a massa podia ser convertida em energia em sua equação E =mc ao quadrado (sendo E a energia, m a massa e c uma constante, a velocidade da luz). A descoberta da fissão levou a uma grande atividade por parte dos cientistas com o objetivo de liberar a energia do átomo. A pilha atômica de Fermi demonstrou a possibilidade da reação em cadeia auto- sustentado, na qual os neutrons liberados pela fissão dos átomos de urânio podiam ser utilizados para quebrar mais átomos de urânio. Isso forneceu a base para o projeto de reatores nucleares e o uso pacífico da energia nuclear. Tornou-se também aparente que uma reação em cadeia descontrolada poderia ser utilizada para a confecção de uma bomba atômica.


Energia Nuclear no Brasil

O desenvolvimento de pesquisas em física nuclear, a partir de 1938, foi iniciado no Departamento de Física da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Montado antes do final da II Guerra Mundial, o departamento começou a pesquisar a fissão, na mesma época em que estudos similares aconteciam no exterior. Terminada a guerra, surgiu o interesse pelas aplicações militares da energia nuclear. Um dos maiores envolvidos com esse processo foi o almirante Álvaro Alberto ( nome oficial dado ao complexo que aloja a Usina Angra I ). O segundo foi o interesse demonstrado pelo almirante Álvaro Alberto na compra das ultracentrífugas para enriquecimento isotópico do urânio, equipamentos já na época produzidos na Alemanha. O terceiro foi a instalação, em São Paulo ( no atual Ipen/CNEN, na Cidade Universitária - USP), de um reator de pesquisa, fornecido pelo presidente Eisenhower, dos EUA ( Estados Unidos da América ), dentro do programa '' Átomos para a paz'' . Este equipamento ( um reator do tipo de piscina ), Opera até hoje e utiliza urânio levemente enriquecido como combustível.

Já nos anos 50, os filósofos brasileiros perceberam existi duas linhas para o domínio da tecnologia nuclear : a do urânio natural e a do urânio enriquecido. Naquela ocasião ficou evidenciado que as nações centrais detentoras da tecnologia do urânio enriquecido não a repassariam para os países do Terceiro Mundo. Restava, portanto uma única saída : o Brasil deveria lançar-se numa linha autóctone de pesquisas, baseadas no manejo do urânio natural. Em função de uma série de indecisões políticas e do autoritarismo do governo federal, o esforço obtisnado dos físicos brasileiros ruiu em 1969, quando o então presidente Costa e Silva adquiriu um reator atômico de urânio enriquecido ( tipo reator de água leve pressurizada ), da Westinghouse norte - americana. Ao mesmo tempo, colocou na legalidade a existência do Programa Nuclear Paralelo - aliás, um dos objetivos ocultos do documento assinado em 1975 com os alemães -, visando à construção de um submarino de população nuclear e à capacitação tecnológica brasileira para a eventual construção de artefatos bélicos nucleares.



IURI JONES



quinta-feira, 26 de junho de 2008

A Reforma Agrária

A REFORMA AGRÁRIA


O Brasil tem perto de 450 milhões de hectares de terras aproveitáveis, dos quais, pelo último censo agrícola , cerca de 40%, ou seja 185 milhões de hectares não são explorados . Quanto maior a propriedade, menor o aproveitamento , isto porque de acordo com o censo 90% das terras destas grandes propriedades são ociosas . O nosso país se vangloria de bater recordes de produção de grãos todo o ano ,no entanto a China produz cinco vezes mais que o Brasil , e ainda importamos grãos de outros países como por exemplo a soja da Argentina .
A falta de uma política séria de reforma agrária é uma das razões para o fato de sermos , uma das nações com a maior concentração de terra do mundo . Contudo este tema vem conquistando apoio social suficiente para respaldar uma grande aceleração na desapropriação e assentamento de milhões de famílias .
A questão agrária brasileira se arrasta por quase 500 anos , isto torna-se perceptível desde o período de colonização ,mais precisamente com as capitanias hereditárias ,passando pela economia secular do império baseada na monocultura . Um fato de enorme representatividade na história brasileira foi a Guerra de Canudos , onde ficaram nítidos os interesses contrários de grandes coronéis latifundiários em conjunto com a poderosíssima igreja católica , e os excluídos do sistema (os pobres sertanejos trabalhadores ) que almejavam uma mudança em suas vidas . Mas, a utopia do povo de canudos foi destruída , dizimaram quase toda a população contudo o sangue deste não foi em vão , pois este marco histórico da luta popular no brasil semeia em nossos corações o sentimento de revolta e indignação , e faz com que movimentos de luta pela terra como é o caso do MST e do MLT sejam importantíssimos .
A passagem de monarquia para república no brasil não trouxe modificações , já que o governo continuava nas mãos dos latifundiários , alternando-se no controle do poder cafeicultores e pecuaristas . Com a república nova , nada torna-se de fato novo , as bases estruturais da economia, política e sociedade são quase as mesmas . No período ditatorial , de 30 a 45 e posteriormente de 65 até 85 , não existiu uma política séria de enfrentamento às desigualdades sociais e territoriais ,e mais do que nunca toda a sociedade civil encontrava-se com medo de protestar , em função da ditadura e da falta de liberdade de expressão . No contexto atual presenciamos a crescente mecanização dos campos ,onde os trabalhadores estão sendo empurrados para fora de seus “feudos” , juntando-se à massa dos trabalhadores sem-terra , com o substancial aumento do desemprego nas grandes cidades ,e infelizmente este exército de excluídos tende a multiplicar-se .
O governo de Fernando Henrique Cardoso , e a sua política neo-liberal , insana e excludente , contribui de maneira devastadora para a perpetuação das desigualdades e da estratificação social , o que gera no mínimo a sensação de termos sido traídos, já que FHC é um dos sociólogos mais respeitados do globo , e desta maneira deveria governar preocupado com os interesses da sociedade , e transformando a dinâmica política e econômica do “Brasil Rural” . É de fundamental importância que a população em geral tenha consciência de que os movimentos de luta pela terra não são terroristas, como algumas emissoras de TV procuram mostrar , isto porque estas temem que seus interesses sejam lesados , já que parcelas da mídia estão ligadas ao governo e compactuam com o seu discurso.
A reforma agrária é uma necessidade urgente em nosso país , um novo milênio se aproxima e no entanto a mentalidade dos políticos brasileiros parece ter ficado enterrada no período da colonização , existe a eminente onda de conflitos no campo , já que a população encontra-se saturada de promessas , e de maneira organizada busca dois dos direitos universais do homem ,que são o direito à vida e ao trabalho . Salve aquele com a pele partida pelo sol , as mãos calejadas no preparo do solo , o corpo cambaleante , aquele cuja moradia é um pedaço de lona preta , e cuja alma sangra desde o nascimento, o trabalhador sem-terra.


Iuri Graça Jones – História
Membro do Grupo História para Todos

A utilização da informática como recurso pedagógico

A educação passa pelas mesmas mudanças da sociedade. São diversas as reestruturações, novas propostas pedagógicas, tudo para fazer com que a educação acompanhe o ritmo da evolução e atenda melhor os alunos.

E os alunos já chegam às escolas submersos pelas informações, pela tecnologia proveniente das mídias, da internet e dos games. Essas fontes são estimulantes, atrativas e educativas? Educativas? De que modo?

É possível dizer que a tecnologia auxilia na educação, porém não podemos esquecer o papel do educador nesse processo. A televisão, a internet, o computador em si, trazem muitas coisas boas, mas também, por outro lado, informações inaproveitáveis e de difícil interpretação.

O papel do educador surge neste aspecto como facilitador, mediador entre as informações e os alunos, sendo um auxílio para que eles cheguem até o conhecimento científico, ultrapassando o senso comum. Como afirma Veiga:

É preciso evoluir para se progredir, e a aplicação da informática desenvolve os assuntos com metodologia alternativa, o que muitas vezes auxilia o processo de aprendizagem. O papel então dos professores não é apenas o de transmitir informações, é o de facilitador, mediador da construção do conhecimento. Então, o computador passa a ser o ‘aliado’ do professor na aprendizagem, propiciando transformações no ambiente de aprender e questionando as formas de ensinar ( 2001, p.2).


Diante desse quadro, é possível defendermos a utilização da nformática como recurso pedagógico, tanto da internet, para a realização de pesquisas direcionadas pelo educador e para a comunicação por meio de e-mails, quanto no uso de softwares educacionais de diversos gêneros.

Para José Armando Valente (2002), pesquisador e escritor sobre novas tecnologias na educação, os computadores estão propiciando uma verdadeira revolução no processo ensinoaprendizagem, devido à variedade de softwares para auxílio deste processo, assim como a sua utilização tem provocado vários questionamentos a respeito dos métodos de ensino utilizados. Estes questionamentos são evidentes e talvez já esperados. Afinal, que professor não substituiria um método de aula expositiva, dominando a transmissão de conhecimentos e ensinando o que lhe parece importante, por uma aula atrativa, utilizando o computador, com a oportunidade de interagir com a máquina por meio de sites, softwares e jogos educacionais, ou de viajar pelo mundo pela internet, adquirindo conhecimento sem sair da sala de aula?

A informática é um importante instrumento, que pode ser muito bem aproveitado quando o educador mostrar-se capacitado para a sua utilização como um apoio pedagógico, trazendo a ferramenta tecnológica para proporcionar uma aprendizagem mais interativa, com significado e com os alunos construindo o conhecimento.

De acordo com Valente, o educador deve conhecer o que cada ferramenta tecnológica tem a oferecer e como pode ser explorada em diferentes situações educacionais. A experiência educacional é fundamental e permitirá que sejam selecionadas as ferramentas tecnológicas e as formas de trabalho com o objetivo de uma atuação pedagógica de qualidade.

Quando o educador estiver familiarizado com as questões técnicas da tecnologia, estará capacitado a explorar a informática em atividades pedagógicas com a interação entre os conteúdos de ensino, a desenvolver projetos educacionais com a utilização da informática como apoio pedagógico e saberá desafiar os alunos para que, a partir do projeto que cada um desenvolver, seja possível atingir os objetos pedagógicos que foram determinados em seu planejamento de ensino. Segundo Moran:

O primeiro passo é procurar de todas as formas tornar viável o acesso freqüente e personalizado de professores e alunos às novas tecnologias, notadamente à Internet. É imprescindível que haja salas de aulas conectadas, salas adequadas para a pesquisa, laboratórios bem equipados. (2004, p. 44).


Ainda segundo Moran (2004, p. 44), o computador “[...] nos permite pesquisar, simular situações, testar conhecimentos específicos, descobrir novos conceitos, lugares, idéias”.

Neste aspecto, cabe ao educador direcionar o uso da informática em busca de uma aprendizagem significativa, como o uso de jogos educativos e sites educacionais, e não apenas como uma fonte de recreação.

Desta forma, podemos crer que a informática é um incrível recurso no processo ensino-aprendizagem. Por meio dela é possível realizar ações, desenvolver idéias e construir conhecimentos que, em uma aula tradicional, talvez não fossem desenvolvidos.

A informática é um meio de trabalho atraente, com diversas possibilidades de interação, de comunicação e de crescimento pessoal e educacional. Porém, é responsabilidade do educador, conhecedor e integrado com seu instrumento de trabalho, proporcionar uma interação entre a tecnologia e seus alunos de maneira eficaz, fazendo que eles construam conhecimentos planejados de forma dinâmica e satisfatória.

É inaceitável que existam educadores que se recusam a adaptar seus métodos didáticos com a utilização das novas tecnologias, já que esta se mostra tão eficiente como recurso pedagógico, como reforçam Moran (2004) e Valente (2002).

O fato de alguns educadores não aceitarem a informatização, mostra o despreparo e o medo do novo que permeia as suas didáticas ou talvez a pretensão de acreditarem que seus métodos tradicionais produzem melhores resultados, já que afirmam que o computador dispersa a aprendizagem.

Contudo, é preciso que os educadores entendam a informática na educação como um apoio pedagógico e não como um novo método de ensino; que entendam que com a utilização da informática na sua ação docente será capaz de ampliar o seu papel de propiciar a construção do conhecimento pelos seus alunos.

Podemos citar um caso positivo na utilização da informática o uso do Visual Class como apoio pedagógico: um aluno do 2º ano do ensino fundamental tinha muita dificuldade de aprendizagem em sala de aula. Mas, para surpresa da sua professora, durante as aulas de informática o seu desempenho ultrapassava os seus limites, porque durante as aulas não desenvolveria e nem participava das atividades solicitadas pela professora; e nas aulas de informática, utilizada como complemento pedagógico, realizava as atividades e era um dos primeiros a terminá-las. Em algumas situações, a professora elaborou a mesma atividade aplicada em sala de aula e na informática e o aluno desenvolveu as atividades somente na informática. Questiona-se: seriam os recursos tecnológicos (som, imagem, música etc.) um estímulo a esse aluno? Esse testemunho foi dado pela sua professora durante uma reunião pedagógica, com a minha participação, com o intuito de fazermos uma auto-avaliação com os docentes em relação à utilização da informática na educação.

Nesse projeto, o professor elabora as suas aulas de informática e conta com o apoio do núcleo de informática educacional, ressaltando, que antes da implantação do projeto, todos os professores foram capacitados. E, para Valente (2002), o docente deve trabalhar nas aulas de informática e não um técnico.

Moran (2004, p. 46) afirma que o professor:

[...] de educador, que dita conteúdo, transforma-se em orientador de aprendizagem, em gerenciador de pesquisa e comunicação, dentro e fora da sala de aula...


Espero poder compartilhar esta conversa com meus colegas de profissão, para que reflitam a respeito da utilização da informática como recurso pedagógico e que os mesmos tenham a disposição para aventurar-se em “mudanças construtivas”, visando a uma transformação, pois, como diz Paulo Freire, somos seres inacabados, portanto em busca constante de aperfeiçoamento.

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. 11. ed. São Paulo : Paz e Terra, 1992.

MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadora com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: Moran, José Manuel, MASETTO, Marcos Tarciso, BEHRENS, Marilda A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 8. ed. Campinas : Papirus, 2004. p. 11-63.

VALENTE, José Armando. O computador como ferramenta educacional. Disponível em Acesso em 19 abr. 2007.

VALENTE, José Armando. Computadores e Conhecimento: Repensando a Educação. Campinas : Nied, 1995. p. 21-76. VEIGA, Marise Schmidt. Computador e Educação? Uma ótima combinação. In: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia
em foco. Petrópolis – RJ, 2001. Disponível em : Acesso em: 19 abr. 2007.

Ronaldo Garcia Almeida é Bacharel em Ciência da Computação (UNIMAR), Especialista em Informática na Educação (UEL), aluno especial do Mestrado em Educação (UEL), Docente das Faculdades Ranchariense e Coordenador de Informática Educacional da Prefeitura de Quatá/SP.